Trato gastrointestinal
Cistos abdominais
Massas císticas abdominais são achados frequentes em exames de ultrassom. Anomalias de trato urinário e dilatação intestinal são as explicações mais comuns, apesar de que estruturas císticas podem surgir da árvore biliar, ovários, mesentério e útero. O diagnóstico correto dessas anormalidades pode não ser possível através da ultrassonografia, mas o diagnóstico mais provável é, em geral, sugerido pela posição do cisto e sua relação com outras estruturas e normalidade de outros órgãos.
Cisto de Colédoco:
Cistos de colédoco representam dilatação cística do ducto biliar comum. Diagnóstico pré-natal pode ser feito através de ultrassonografia pela demonstração de cisto na região superior direita do abdome fetal. Há comunicação entre ducto biliar comum e o cisto. Ausência de polidramnia e peristalse ajudam a diferenciar de desordens intestinais. No período pós-natal, diagnóstico precoce e remoção do cisto podem evitar desenvolvimento de cirrose biliar, hipertensão porta, formação de cálculos ou adenocarcinoma. A mortalidade cirúrgica é cerca de 10%.
Cistos mesentérico ou omental:
Esses cistos podem representar obstrução na drenagem linfática. O conteúdo pode ser seroso, quiloso ou hemorrágico. O diagnóstico pré-natal é sugerido pelo achado de lesão cística, unilocular ou multiseptada, usualmente na linha média de tamanho variável; em caso de hemorragia pode haver aparência sólida. Aspiração antenatal pode ser considerada em caso de cistos enormes que resultam em compressão torácica. Manejo pós-natal é conservador e cirurgia é reservada aos casos com sintomas de obstrução intestinal ou dor abdominal aguda após torção ou hemorragia intra-cística. A excisão completa dos cistos pode não ser possível devido à proximidade de vasos sanguíneos de maior calibre e em até 20% dos casos há recorrência pós-cirúrgica. Apesar de transformação maligna em cistos mesentéricos ter sido descrita, esse fato é raro.
Cistos Hepáticos:
Cistos hepáticos são tipicamente localizados no lobo direito do fígado. Eles são raros e resultam da obstrução do sistema biliar hepático. São cistos uniloculares intra-hepáticos e, em geral, assintomáticos, apesar de raramente complicarem com infecções e hemorragias. Cistos hepáticos são vistos em 30% dos adultos com doença renal policística.
Cistos de Duplicação Intestinal:
Esses são bem raros e podem ser localizados ao longo de toda extensão do trato gastrointestinal. À ultrassonografia, aparecem como como estruturas tubulares ou císticas de tamanho variável. Podem ser isolados ou associados a outras malformações gastrointestinais. O diagnóstico pode ser facilitado pela espessura da parede muscular do cisto e presença de peristalse. Remoção cirúrgica é realizada no período pós-natal.
